Os
Poemas selecionados para serem apresentados aqui fazem parte do livro
"The Wind Among the Reeds", que celebra, este ano, seu centésimo aniversário.
Evidencia-se, em cada um destes três poemas,
o estilo inicial do escritor, fortemente influenciado pelas lendas e
tradições da Irlanda, sua terra natal.
Nos trabalhos anteriores do autor, também baseados
na memória da Irlanda, podem ser encontrados: O Vaguear de Oisin (1889),
Crepúsculo Celta (1893) e A Rosa Secreta (1897).
W. B. Yeats
'Durante todos
estes séculos, os Celtas tem guardado en seus corações alguma afinidade
com os poderosos seres que reinam no invisível, mas que já foram presentes
de forma visível para seus ancestrais. As lendas e contos de fadas são
sinais vivos desta interação, e tem ligado a alma Celta com a vida interior,
imanente, do ar , da água e da terra. Estes seres, em retribuição, também
preservaram seus corações sensíveis e são capazes de agir peculiarmente
sob algumas inflências.'
- George W. Russell
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William
Butler Yeats
(1865-1939)
As
Vozes Eternas
(1899)
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam;
Vão até aos guardiões das hostes celestiais
E os ordene que vagueem obedecendo à Tua vontade,
Chamas sob chamas, até o Tempo deixar de existir;
Não tem você ouvido que nossos corações estão cansados,
Que você tem chamado por eles nos pássaros,
no
vento sobre as colinas,
Em balançantes gallhos nas árvores,
nas
marés pela beira-mar?
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam.
A
Canção do Delirante Aengus
(1899)
Eu fui para uma floresta de nogueiras,
Porque minha mente estava inquieta,
Eu colhi e limpei algumas nozes,
E apanhei uma cereja, curvando o seu fino ramo;
E, quando as claras mariposas estavam voando,
Parecendo pequenas estrelas, flutuando erráticas,
Eu lancei framboesas, como gotas, em um riacho
E capturei uma pequena truta prateada.
Quando eu a coloquei no chão
E fui soprar para reativar as chamas,
Alguma coisa moveu-se e eu pude ouvir,
E, alguém me chamou pelo meu nome:
Apareceu-me uma jovem, brilhando suavemente
Com flores de maçãs nos cabelos
Ela me chamou pelo meu nome e correu
E desapareceu no ar, como um brilho mais forte.
Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos
Por tantas terras cheias de cavernas e colinas,
Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi,
E beijar seus lábios e segurar suas mãos;
Caminharemos entre coloridas folhagens,
E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo
As prateadas maçãs da lua,
As douradas maçãs do sol.
O
Escolhido da Fada
(1899)
O
cavaleiro vinha de Knocknare
E, quando cruzava os áridos campos de
Clooth-na-bare;
ele sentia
Caolte agitando seus cabelos ardentes
E Niamh chamando Venha, Venha para cá
Esvazie seu coração de seu sonho mortal.
Os ventos acordaram, as folhas giram pelo ar,
Nossas faces estão descoloridas,
nossos
cabelos estão soltos,
Nosos peitos estão arfantes,
nossos
olhos tem um brilho fugidio,
Nossos braços estão acenando,
nossos
lábios estão entreabertos;
Venha! E se alguém olhar sobre
nosso
tão desejado vínculo,
Nós estaremos entre ele e os feitos das suas mãos,
Nós estaremos entre ele e as esperanças
de
seu coração.
O cavaleiro está seguindo velozmente 'entre noites e dias',
E, onde poderá haver esperanças ou feitos tão
apraziveis
e belos?
Seu companheiro Caolte agitando seus cabelos de fogo,
E Niamh chamando Venha, Venha para cá.
Tradução: Izabella Drumond
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